sábado, 17 de dezembro de 2011

NOÇÕES SOBRE O PROCESSO PERCEPTIVO





 A percepção é um das ferramentas mais importantes para o homem no que diz respeito à sua interação com o meio. Ela está intimamente relacionada com a interpretação e significação do mundo exterior a ele e é estruturada a partir das experiências e do conhecimento adquirido ao longo de sua história. A seguir será analisada a estruturação da percepção e os processos perceptivos no domínio visual.
Como ponto de partida tomemos o seguinte conceito de percepção:

O conjunto de processos que organiza a informação na imagem sensorial e interpreta na forma de algo produzido por objetos ou eventos no mundo exterior.[...] como tendo sido produzidas pelas propriedades dos objetos ou eventos no mundo exterior, tridimensional.( Gerrig E Zimbardo 2005, p 151)

Muitas pessoas costumam associar percepção à sensação, entretanto a partir da definição apresentada podemos estabelecer o limite que as diferencia. A sensação seria a impressão inicial sem a interpretação, aquilo que parece ser à primeira vista. Já a percepção envolve processos que permitem interpretar a sensação atribuindo um significado real.
Para ilustrar de maneira mais clara esta diferença, tomemos como exemplo a imagem acima. Em uma primeira análise podemos ter a sensação de estar diante de uma piscina real, mas logo a percepção nos mostrará que se trata de uma expressão artística, pois, além de mecanismos sensoriais, somos capazes de interpretar e significar o meio através da experiência prévia.
Este seria o papel da percepção na visão dos referidos autores. Segundo os mesmos a percepção auxilia a compreender a sensação, extraindo significado a partir da informação sensorial.
Desta forma temos três etapas básicas envolvidas no processo de percepção: a sensação, a organização perceptiva e a identificação ou reconhecimento.
Num primeiro momento temos a sensação, ligada aos aspectos biológicos da percepção, à conversão de energia física em códigos neurais, o que envolve as células especializadas tanto na retina como no córtex cerebral.
Num segundo momento ocorre a organização perceptiva, ou seja, estimativas fundamentadas em conhecimentos passados. Percebemos através da visão, por exemplo, aspectos como forma, tamanho, distância, orientação. Isto ocorre de maneira rápida e eficaz sem que estejamos conscientes.
Na terceira etapa – identificação ou reconhecimento – associamos os perceptos atribuindo-lhes significados. Associamos por exemplo um objeto cilíndrico a uma lata e um esférico a uma bola. Por percepto podemos entender o significado psicológico da percepção e não o objeto físico em si ou a sua imagem. Vale ressaltar que esta etapa requer o desenvolvimento cognitivo do sujeito e passa pela memória, valores, crenças, atitudes, entre outros. Neste sentido temos que:

À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos ‘pontos básicos de ancoragem’ dos quais derivam outros significados. (Moreira e Masini 1982, p 3)

Podemos concluir, ressaltando novamente a relevância do processo de percepção na significação humana, bem como o papel que a bagagem adquirida exerce sobre o que este pode perceber e, também, sobre o que realmente percebe.


Por Vinícius Andrade


Referências Bibliográficas:

GERRIG, R.J.; ZIMBARDO, P.G. Percepção. In ­­_____A Psicologia e a Vida. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MOREIRA, M. A. e MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo, Moraes, 1982.

Imagem:
Disponível: <http://novidadesnt.blogspot.com/2011/01/parece-mas-nao-e.html> Acesso em, 17/12/2011.

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