quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


Percepção de Padrões Faciais pelos Bebês


Apesar de sabermos que as crianças são capazes de ver, desde o nascimento, não é comum se ter informação sobre as peculiaridades da percepção deste sentido. Com que nitidez ela enxerga; a partir de quando é capaz de identificar um padrão, como um rosto, como conhecido e destinguí-lo de um estranho. Tais perguntas é que devem ser repondidas neste breve escrito.

Robert Fraz, utilizando seu método da preferência visual chegou a conclusão de que a capacidade de discriminar padões é inata. Entretanto, pesquisas posteriores revelam que o que os recém-nascidos conseguem identificar bem são padões com muitos contrastes visuais, áreas claras e escuras. Assim tanto um rosto como traços faciais desordenados surtiriam igual efeito.

Outra descoberta é que os bebês até dois meses preferem olhar para os padrões moderadamente complexos, ou seja, com contrastes (como um tabuleiro de xadrez) mas não muito detalhados porque formas muito complexas (um tabuleiro de xadrez com quadrados muito pequenos) não são detectados. Ademais, um dado constatado é que os recém-nascidos preferem olhar para o que vêem bem.

Algo interessante para se acrescentar, é que o ângulo de visão dos bebês é reduzido, assim, a menos que a figura seja muito pequena ele não a enxergará completamente. Os impactos disso sobre a percepção é que não é provável que consigam focar todas as partes e menos ainda que possam conectar a informação obtida de cada uma das partes que focou para formar um todo no cérebro. Além disso um bebê vê bem a seis metros o que um adulto vê a cento e oitenta metros.

Assim, apenas por volta dos três meses os bebês começam a responder aos rostos como traços significativos e destinguir, por exemplo, o rosto de sua mãe do de outras mulheres parecidas. Já dos oito a dez meses tornam-se capazes de discriminar variações faciais rapidamente o que lhes dá a habilidade de diferenciar entre seus companheiros e os estranhos.

Por último, adite-se o fato curioso de que mesmo os rostos estranhos não são todos parecidos para os bebês. Os recém nascidos tem predileção por “rostos atraentes”, os quais podem ser considerados como aqueles de traços mais moderados e harmoniosos (tamanho do queixo comum, tamanho do nariz comum, espaço entre olhos comum), talvez por representarem melhor o esquema de rostos já vivio pelo bebê que os rostos não atraentes.



Por Sara Reis







REFERÊNCIAS:


SHAFFER. Davis R. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Thomson. 2005.


Alguns Métodos de Identificação da Percepção em Neonatos Humanos.


Até o início do século passado, acreditava-se, no meio científico, que os neonatos humanos eram incapazes de ouvir, ver ou mesmo de sentir dor por alguns dias após o nascimento. Entretanto, tal afirmação inverídica somente se sustentou pela carência de métodos que possibilitam ao bebê expressar o que sente e percebe, o que modernamente, já é possível.

Método da preferência visual

Tal método consiste em apresentar ao bebê pelo menos dois estímulos, verificando, assim, a qual deles é dado maior tempo de atenção. Este método foi desenvolvido em meados de 1960, por Robert Frantz que fez experiências apresentando estímulos visuais como rostos, círculos concêntricos, folhas de jornal e discos não padronizados. Entretanto, tal método tem uma falha, já que se o bebê não fizer distinção entre padrões não fica claro se ele não os reconheceu, ou se achou todos igualmente interessantes.
Ele constatou que os recém-nascidos preferiam, claramente, estímulos padronizados como rostos ou cículos concêntricos a olhar estímulos não padronizados. Pelos testes realizados, concluiu-se que a capacidade de discriminar padrões é inata, muito embora essa afirmação tenha sido contestada posteriormente. 

Método dos Potenciais Evocados

O método se efetiva pela medição das ondas cerebrais do bebê, assim que este entra em contato com um estímulo. Para tal, eletrodos são colocados na cabeça do bebê. O estímulo percebido como “diferente”, fará a criança apresentar uma alteração no padrão das ondas cerebrais. Enquanto que, estímulos não detectados não produzirão alteração nas atividades elétricas.
Por outro lado, por estes testes é possível observar as áreas responsáveis pelo processamento de informações sensoriais nos neonatos. Por exemplo, estímulos auditivos são processados no lobo temporal, enquanto que estímulos visuais são registrados na parte posterior, acima do lobo occipital. 

Método da Habituação

Para experimentação com tal método, um estímulo repetitivo é apresentado ao recém-nascido, até que ele não manifeste mais as características de novidade; movimentos de olhos e cabeça, mudanças na respiração ou no batimento cardíaco. É um processo simples de aprendizagem, ela ficará habituada.
Por outro lado, para observar se ele percebe estímulos diferentes, basta habituá-lo a um estímulo e depois trocar o estímulo. Se o bebê voltar a apresentar alguma das alterações supracitadas, significa que ela está desabituada. Vale, dizer se sua respiração ou batimento cardíaco acelerar, por exemplo, significa que percebeu o estímulo como novo.

Método da Sucção de Grande Amplitude

Este método basea-se na capacidade da criança de controlar a sucção. Para realizar os testes com esta método, é oferecida uma chupeta especial, que permita um certo controle sobre o ambiente sensorial.
Primeiro o pesquisador vai medir e estabelecer a taxa base de sucção normal. Toda vez que o bebê sugar a chupeta com mais rapidez ou com mais força que as observações da taxa base, a chupeta dispara um comando para liberar um estímulo. Se o bebê detectar essa estímulação e achá-la interessante continuará sugando para manter o estímulo. Contudo, se ela perder o interesse, a sucção volta ao normal.
Esse método é também bastante útil para detectar preferências. Pode-se, por exemplo, modular uma chupeta de teste para liberar estímulos doces em alta sucção e salados em baixa, ou liberar um determinado estílo musical, como rock, em alta sucção e música clássica, em baixa; e assim, auferir as preferências do bebê.
Uma coisa interessante sobre isso é que foi descoberto que os bebês, de uma forma geral, têm predileção por sabores adocicados.


Por Sara Reis












REFERÊNCIAS

SHAFFER. Davis R. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Thomson. 2005.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Percepção e conhecimento



O que é conhecimento e como se obtem?
Segundo John Locke na sua tradição empirista diz que, o conhecimento sobre o mundo se dá através da experiência sensorial. Porém o empirismo encara um grande desafio, os dos argumentos cépticos, o questionamento sobre as coisas, pois não se pode provar que as nossas pretensões ao conhecimento podem não encontra justificativas plausíveis.
Russell em 1912 fez uma tentativa de responder à questão anteriormente posta, entretanto não chega a uma verdade absoluta, pois ele acredita que diante desta sistemática a duvida é o melhor caminho para compreender o conhecimento. Ele diz que as observações simples da experiência perceptiva as variações que ocorre no observado ocorre através da distinção das coisas ou aquilo que elas são em si mesmas. Com o termo dado do sentido Russell tenta classificar as coisas que são imediatamente conhecidas através da sensação: cores, cheiros e texturas. Contudo ele concluir que os dados do sentido distinguem dos atos de sentir.
Diante destas questões postas o autor cria uma resposta ao céptico, embora ele seja rigorosamente falado, não há, no entanto “a menor razão” para supô-los verdadeiros, pois segundo ele essa estratégia é para reunir considerações para sustentar seu ponto de vista.
No ponto de vista céptico, o autor revela que nem devemos pensar que existem outros observadores. Pois se não pode desmentir o cepticismo acerca dos objetos, como é que se pode contradizer o cepticismo acerca da existência.
No entanto está dificuldade posta anteriormente no revela uma nova versão mais simples e eficaz, argumenta por ele, que é a questão dos objectos físicos, que independe da nossa experiência sensorial para existirem. O que ele classifica nesta hipótese de ‘’instintiva’’.
‘’ A este, argumenta ele, podemos juntar outro gênero de conhecimento, a saber, o conhecimento a priori das verdades da lógica e das matemáticas puras (e até talvez das proposições fundamentais da ética). Tal conhecimento é totalmente independente da experiência e depende completamente da auto-evidência das verdades conhecidas, como '1 + 1 = 2' e 'A = A'. Quando o conhecimento perceptivo e o conhecimento a priori são unidos permitem-nos adquirir conhecimento geral do mundo para além da nossa experiência imediata, porque o primeiro gênero de conhecimento dá-nos os dados empíricos e o segundo gênero permite-nos extrair deles inferências. ’’
Como se pode observar neste trecho acima que quando à junção entre estes dois conhecimentos permite o individuo ganha conhecimento amplo do mundo em geral, ou seja, vai além de sua experiência imediata. Perceber é diferente de pensar e não uma forma inferior de pensamento.
Com todas está questões apresentada percebe-se que a percepção não é causada pelos objetos sobre nós, nem é causada pelo nosso corpo sobre as coisas: ela é a relação entre elas e nós e entre nós e elas.

Resumo feito por Tacyara Santos.

Referencias bibliográficas:
Da tradução portuguesa publicada pela auditora Arménio Amado
A.C.Grayling, Russell,Oxford University Press, Oxford, 1996, PP.39-44

domingo, 18 de dezembro de 2011

Links interessantes







 > Jogos de percepção
> Aula sobre percepção
O Cinema e a Percepção Sensível
> Importancia da percepção

A CONSTÂNCIA PERCEPTIVA



A percepção de um objeto e de suas propriedades como alguma coisa constante, apesar das variações de sensações que recebem órgãos sensoriais, é, de maneira geral, o que se estuda sob o título: Constancia Perceptiva.
As pessoas percebem os objetos como se eles tivessem sempre o mesmo tamanho, forma, cor, localização, etc., apesar das grandes mudanças dos dados sensoriais.
A constância de tamanho se refere à tendência a perceber os objetos como se eles tivessem um tamanho constante, apesar de que o tamanho da imagem retiniana se torne menor quanto mais o objeto se distancia.  A constância de tamanho parece ser um resultado da aprendizagem que se processa, em grande parte, sem que a pessoa dela se aperceba. Damo-nos conta, pelo menos em parte deste processo, quando observamos objetos familiares de posições menos comuns, como, por exemplo, automóveis vistos do alto de arranha-céus.
A constância de forma é responsável por podermos reconhecer o formato de objetos conhecidos, apesar da forma constantemente mutável da imagem retiniana. Não importa o ângulo, vemos uma porta como retangular.
Os estudos sobre as constâncias de cor e brilho reforçam a conclusão de que a constância não é uma resposta a indicações específicas e sim a um conjunto de relações.  Se um pedaço carvão e uma folha branca de papel forem iluminados de forma que o papel se torne mais escuro que o carvão, ainda assim, o carvão parecerá preto e a folha branca.
A constância de localização é que nos permite julgar estáveis os objetos no espaço, apesar de sua localização variável no campo visual. Não percebemos as coisas rodando se viramos a cabeça.  Os estudos sobre esta constância perceptiva levam a concluir que a estabilidade dos objetos se deve também a aprendizagem.
A percepção depende das relações entre os fatores do estímulo, captados pelos órgãos dos sentidos e as nossas experiências passadas com este estímulo.


 Por Mariana Gonçalves


Referência Bibliográfica:

BRAGHIROLLI, Elaine maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz Antonio; NICOLETTO, Ugo. Psicologia Geral. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009.

Percepção e processos cognitivos

A percepção e a apredizagem fazem parte do processo cognitivo de cada ser humano, junto de outros elementos como a memória, a consciência, a atenção e a inteligência. É importante que façamos aqui uma distinção entre os conceitos de percepção e sensação e depois vejamos como eles influenciam na aprendizagem. Sensação é o processo de captação dos estímulos nervosos, enquanto que percepção é o modo como interpretamos, através da nossa experiência, os estímulos captados pela sensação.
A percepção, diferente da sensação, tem um caráter subejtivo. Para apreendermos a realidade que nos é dada, os objetos, as propagandas, até mesmo as nossas relações com as outras pessoas, nós interpretamos de acordo com as nossas experiências e então damos um significado para essa realidade. A nossa percepção é influenciada pela motivação e pelos estados emocionais em que nos encontramos. Por exemplo, o nervosismo e o medo, podem fazer com que interpretemos um fato de uma maneira totalmente diferente do que realmente é. O interesse também é um fator que influencia diretamente o processo de percepção, e principalmente de aprendizagem, já que os estímulos perceptivos são selecionados pela nossa atenção. É por este motivo que aprendemos com mais facilidade assuntos que mais nos fascinam.
A percepção social, também influencia de modo direto a aprendizagem. A percepção social é o modo como conhecemos os outros, analisamos seu comportamento e a partir disso orientamos o nosso próprio comportamento. Se uma criança tem uma boa percepção da professora e dos seus colegas de sala e até do próprio ambiente escolar, ou seja, se a sua interação social, com a professora, os colegas e escola, é boa, há ótimas chances do processo de aprendizagem ser satisfatório.
Um outro fator que influi bastante nos processos de percepção e de aprendizagem é a memória. A memóra é o registro de todas as experiências vividas na nossa consciência. Ao entrarmos em contato com algum objeto ou ficarmos diante de alguma situação, a nossa interpretação será tanto mais eficaz quanto mais "lembrarmos" daquele fato ou situação.
Vermos agora como os fatores citados acima influem no processo da apredizagem. A aprendizagem é um processo cognitivo que envolve processos motivacionais, emocionais e perceptivos e se manifesta em comportamentos. Há dois processos principais de aprendizagem: as não simbólicas e as simbólicas. Dentro das aprendizagens não simbólicas podemos distinguir a aprendizagem associativa e a não-associativa. A aprendizagem não-associativa refere-se à apreensão do indivíduo de um só estímulo. Existem dois modos de apreendermos esse estímulo: a habituação e a sensitização. A habituação é o fenômeno que nos faz não reagir a um estímulo específico. Por exemplo, quando saltamos de uma prancha alta pela primeira vez, sentimos medo e insegurança, porém ao fazermos isso mais vezes, passamos a não reagir mais a esse estímulo do medo. A sensitização por sua vez é uma forma de apurar os reflexos para sobreviver. A habituação refere-se à características de um estímulo positivo e a sensitização à características de um estímulo negativo. A aprendizagem associativa, por sua vez, refere-se a associação de estímulos e respostas.
A aprendizagem simbólica se divide em duas: a aprendizagem por imitação e a aprendizagem com recurso a símbolos e representações. A aprendizagem por imitação acontece ao longo do processo de socialização. Nós apreendemos determinados conhecimentos observando e imitando os outros. Porém, nem tudo que observamos, imitamos. Se imitamos uma ação, a efetuamos e ela nos traz consequências negativas, não mais a repetiremos. Já a aprendizagem com recurso a símbolos e representações permite que façamos a aquisição de conhecimento e de competência e procedimentos através da nossa percepção dos símbolos e das representações. Adquirimos conhecimento através de esquemas cognitivos prévios que permitem a integração da informação e adquirimos procedimentos e competências através da aplicação do conhecimento adquirido.
Podemos ver, portanto, que a nossa percepção do mundo, das pessoas e das relações que estabelecemos com elas e com os estímulos que elas nos proporcionam são fundamentais para o processo de aprendizagem.

Resumo feito por Bárbara Gomes.

Aprendizagem e percepção




A percepção é um processo inato ou aprendido?
A percepção contém sempre um componente aprendido, mas não é exclusivamente uma questão de aprendizagem.
Como a maioria das atividades humanas, a percepção resulta de uma interação complexa entre tendências inatas, maturação e aprendizagem. Experiências feitas com recém nascidos de diversas espécies de animais inferiores como pintinhos, mostraram que eles são receptivos e capazes de discriminar formas de objetos, escolhendo, para bicar, aqueles objetos semelhantes a coisas que eles normalmente comem. No entanto a precisão da picada dos pintinhos aumenta com a prática.
Outro tipo de estudo que pode fornecer uma resposta a questão é o estudo feito com indivíduos congenitamente cegos, que em resultado de operações conseguem enxergar pela primeira vez. Tais estudos mostraram que os indivíduos não puderam reconhecer formas, objetos nem pessoas familiares com base na sua aparência visual, logo após a operação.
Em todos os casos foi necessário um longo período de treinamento para que tais indivíduos pudessem inferir significado das suas percepções visuais.  Estas e outras observações parecem indicar que a aprendizagem perceptiva ocorre rapidamente durante um período crítico inicial, e que, se não ocorrer nessa ocasião, torna-se muito mais difícil de desenvolver posteriormente.
Pode-se facilmente constatar a influência da aprendizagem na percepção, comparando-se como o fizeram alguns estudos, as diferenças na maneira pela qual os mesmos estímulos são percebidos em diferentes sociedades. Uma criança esquimó distingue entre numerosos tipos de neve, assim como a outra criança, moradora de cidade grande, distingue numerosas marcas de automóveis. Não é provável que a primeira faça as mesmas distinções da segunda, e nem vice versa, se forem colocadas repentinamente em meios trocados.

Por Mariana Gonçalves


Referência Bibliográfica:
BRAGHIROLLI, Elaine maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz Antonio; NICOLETTO, Ugo. Psicologia Geral. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009.

sábado, 17 de dezembro de 2011

ESTÍMULOS AMBÍGUOS E ILUSÕES PERCEPTIVAS



 O processo de percepção é fundamental para a sobrevivência humana. Esta relação se estruturou desde tempos mais antigos, quando o homem vivia no estilo chamado caçador-coletor. Um arbusto que se movesse, por exemplo, poderia ser um simples vento ou uma ameaça como um tigre. Em contraponto, estas leituras da realidade se estabelecem de maneira complexa. Além dos aspectos envolvidos nas etapas do processo de percepção, existem outros que dificultam o mesmo. A seguir exploraremos dois destes processos: A ambiguidade e a ilusão.
A ambiguidade ocorre quando falta uma informação fundamental para a significação da realidade, ou seja, quando um estímulo em nível sensorial pode gerar diferentes interpretações nas etapas de percepção e identificação. Um exemplo clássico é o famoso vaso de Rubin, que nos levam a questionar se o que vemos se trata de um vaso ou de rostos. A seguir temos mais alguns exemplos:


 Figura 1

O cubo de Necker permite visualizar dois cubos tridimensionais, um inclinado para baixo à esquerda e outro inclinado para cima à direita. Trata-se da ambiguidade na etapa perceptiva.

  Figura 2

Já a figura pato-coelho consiste em um exemplo de ambiguidade no processo de reconhecimento. São percebidas as mesma formas, a diferença poderá se estabelecer na identificação.
A arte utilizada na capa do filme “O silêncio dos Inocentes” é um exemplo de ambiguidade complexa. Somente através da reorganização e reinterpretação de parte da imagem permitirá a percepção dos corpos femininos formando a caveira.



Figura 3

É de grande relevância saber que, conforme Gerrig e Zimbardo, a percepção age sobre a ambiguidade transformando-a:

Umas das principais propriedades da percepção humana normal é a tendência a transformar a ambiguidade e a incerteza sobre o ambiente em uma interpretação clara sobre a qual se pode agir com segurança. (Gerrig e Zimbardo, 2005, p 156)

O outro processo é a ilusão. Ela é estabelecida quando pode ser demonstrado erro diante do padrão de estímulo experimentado pelo homem e compartilhadas pela maioria das pessoas. Alguns exemplos clássicos de ilusão:



Figura 4

A “ilusão de Zollner” dificulta a percepção de que as linhas de fundo são paralelas.



Figura 5

A “ilusão de Ebbinghaus” gera a percepção de que o segundo círculo é maior, quando na verdade são de tamanho igual.



Figura 6

A linha horizontal inferior parece maior que a superior. Esta é a “ilusão de Muller-Lyer”. As duas linhas têm o mesmo tamanho.
A ilusão é um processo que pode ocorrer com outros sentidos com outros sentidos, como audição e paladar. Está presente no cotidiano, quando, por exemplo, temos a percepção de que lua cheia nos acompanha. Historicamente, Cristóvão Colombo desfez a ilusão de que a Terra era achatada. Alguns profissionais como psicólogos, cineastas, arquitetos e decoradores utilizam-se deste processo em suas atividades.


Figura 7

Um apartamento pode se “tornar” mais espaçoso usando alguns recursos que criem esta ilusão como cores e mobília. É o que vemos na imagem acima através do uso de espelhos.

Por Vinícius Andrade

Referências Bibliográficas:
 GERRIG, R.J.; ZIMBARDO, P.G. Percepção. In ­­_____A Psicologia e a Vida. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Figura 1:< pt.wikipedia.org/wiki/Ilus%C3%A3o_da_Bailarina> Acesso em 17/12/11
Figura 2:< pt.wikipedia.org> Acesso em 17/12/11
Figura 3:< filmesdor2.wordpress.com> Acesso em 17/12/11
Figura 4:<detudoblogue.blogspot.com/2008/12/iluso-zollner.html> Acesso em 17/12/11
Figura 5:<hypescience.com/incriveis-ilusoes-de-otica/> Acesso em 17/12/11
Figura6:<www.sombrasdarealidade.com.br/percepcao.htm> Acesso em 17/12/11
Figura 7: <http://bbel.uol.com.br/decoracao/post/truques-de-decoracao-que-ampliam-a-percepcao-de-espaco.aspx> Acesso em 17/12/11

NOÇÕES SOBRE O PROCESSO PERCEPTIVO





 A percepção é um das ferramentas mais importantes para o homem no que diz respeito à sua interação com o meio. Ela está intimamente relacionada com a interpretação e significação do mundo exterior a ele e é estruturada a partir das experiências e do conhecimento adquirido ao longo de sua história. A seguir será analisada a estruturação da percepção e os processos perceptivos no domínio visual.
Como ponto de partida tomemos o seguinte conceito de percepção:

O conjunto de processos que organiza a informação na imagem sensorial e interpreta na forma de algo produzido por objetos ou eventos no mundo exterior.[...] como tendo sido produzidas pelas propriedades dos objetos ou eventos no mundo exterior, tridimensional.( Gerrig E Zimbardo 2005, p 151)

Muitas pessoas costumam associar percepção à sensação, entretanto a partir da definição apresentada podemos estabelecer o limite que as diferencia. A sensação seria a impressão inicial sem a interpretação, aquilo que parece ser à primeira vista. Já a percepção envolve processos que permitem interpretar a sensação atribuindo um significado real.
Para ilustrar de maneira mais clara esta diferença, tomemos como exemplo a imagem acima. Em uma primeira análise podemos ter a sensação de estar diante de uma piscina real, mas logo a percepção nos mostrará que se trata de uma expressão artística, pois, além de mecanismos sensoriais, somos capazes de interpretar e significar o meio através da experiência prévia.
Este seria o papel da percepção na visão dos referidos autores. Segundo os mesmos a percepção auxilia a compreender a sensação, extraindo significado a partir da informação sensorial.
Desta forma temos três etapas básicas envolvidas no processo de percepção: a sensação, a organização perceptiva e a identificação ou reconhecimento.
Num primeiro momento temos a sensação, ligada aos aspectos biológicos da percepção, à conversão de energia física em códigos neurais, o que envolve as células especializadas tanto na retina como no córtex cerebral.
Num segundo momento ocorre a organização perceptiva, ou seja, estimativas fundamentadas em conhecimentos passados. Percebemos através da visão, por exemplo, aspectos como forma, tamanho, distância, orientação. Isto ocorre de maneira rápida e eficaz sem que estejamos conscientes.
Na terceira etapa – identificação ou reconhecimento – associamos os perceptos atribuindo-lhes significados. Associamos por exemplo um objeto cilíndrico a uma lata e um esférico a uma bola. Por percepto podemos entender o significado psicológico da percepção e não o objeto físico em si ou a sua imagem. Vale ressaltar que esta etapa requer o desenvolvimento cognitivo do sujeito e passa pela memória, valores, crenças, atitudes, entre outros. Neste sentido temos que:

À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos ‘pontos básicos de ancoragem’ dos quais derivam outros significados. (Moreira e Masini 1982, p 3)

Podemos concluir, ressaltando novamente a relevância do processo de percepção na significação humana, bem como o papel que a bagagem adquirida exerce sobre o que este pode perceber e, também, sobre o que realmente percebe.


Por Vinícius Andrade


Referências Bibliográficas:

GERRIG, R.J.; ZIMBARDO, P.G. Percepção. In ­­_____A Psicologia e a Vida. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MOREIRA, M. A. e MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo, Moraes, 1982.

Imagem:
Disponível: <http://novidadesnt.blogspot.com/2011/01/parece-mas-nao-e.html> Acesso em, 17/12/2011.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Percepção e Cinema




Falar de cinema é necessariamente falar de um jogo de percepção. O próprio conceito de Max Wertheimer de Fenômeno Phi é a explicação para a "impressão" de movimento que temos ao assistir a uma película.
Mas os três diretores que eu escolhi para exemplificar a ligação entre cinema e percepção vão além do jogo "simples" que todo filme trás dentro de si mesmo. Tim Burton, diretor do curta acima (Vincent), Wes Anderson e  Michel Gondry, são três mestres na arte de combinar uma direção de arte primorosa com uma fotografia "exótica" na criação/exibição de uma nova forma de perceber o mundo real ou de mostrar o mundo da imaginação. Reparem como cada um deles utiliza a cor, os figurinos e o os cenário para brincar com nosso olhar e criar uma atmosfera que poucos outros diretores sabem criar.

http://youtu.be/NjGkVtj_UbE

http://youtu.be/iQNMX-xn5_Y

http://youtu.be/f56Ta6umxTI

Por João Rodrigues

A Percepção na perspectiva fenomenológica de Merleau-Ponty


Maurice Merleau-Ponty nasceu em Rochefort-sur-Mer e morreu em Paris, foi professor em vários liceus na França e chegou a lecionar na Universidade de Lyon e na Universidade Paris-I. Foi um filósofo fenomenológico de capital importância para o desenvolvimento da psicologia.

Para Merleau-Ponty a percepção não se constitui em uma via direta do mundo externo para o mundo interno, mas passa pela história do indivíduo. Enquanto adepto da corrente fenomenológica existencial da visão do ser, Merleau-Ponty afirmava que corpo e mente, bem como indivíduo e meio são indissociáveis e que se deve considerar o organismo como um todo e não como uma simples soma de partes. Para o filósofo não se pode apreender o mundo em separado do sujeito, e vice-versa, sujeito e objeto são codependentes e o agente recria os dados a partir de sua atuação no mundo (o conceito de atuação do homem sobre o mundo é fundamental na idéia fenomenológica de mente enquanto ação).

Ele vai além por superar a ideia da percepção enquanto processo basicamente fisiológico. Para Merleau-Ponty há um processo interior de formulação história do indivíduo que diz muito sobre sua forma de perceber o mundo à sua volta. A atenção dada a um determinado objeto diferirá de acordo com as significações que cada indivíduo pode dar a esse objeto, e essas significações dizem respeito à história psicológica do ser, não apenas a seu aparato biológico, mas a sua vivência “espiritual” a percepção não é simplesmente a capitação do estímulo é a sua interpretação e ressignificação pelo sujeito. E mais:



“Não pode haver caracterização da percepção puramente fisiológica porque o próprio fato fisiológico é determinado por leis biológicas e psicológicas. Funções psíquicas elementares e funções psíquicas superiores não se distinguem por estarem umas mais ligadas às estruturas fisiológicas do corpo, conforme se professava antigamente. Essas duas funções se cruzam, visto que o fato mais elementar dado no corpo já possui em si um sentido e a função superior, por outro lado, só se realiza mediante a ocorrência de funções elementares que a anexam ao mundo incorporado do agente.” (BOUYER, 2009)



           

Assim como a percepção não permite uma dissociação sujeito-objeto e mente-corpo, não há percepção isolada do universo.



“Sem a percepção do todo não é possível a observação de semelhanças, que sequer estariam no mesmo mundo do agente e não existiriam para ele. É na percepção como apreensão global de um conjunto que se torna possível uma atitude analítica do agente, que não discrimina, de maneira indiferente, dados do seu conjunto contextualizado e integrado. A percepção não se constrói apenas pelas coisas, mas antes pelos intervalos que existem entre elas, no fluido contextual que estes intervalos abrigam.” (BOUYER, 2009)





Não sentimos o mundo apenas com os órgão sensórios, mas em especial com nossa subjetividade construída historicamente (nesse caso o histórico diz respeito à história individual e à história geral do homem). E mais, nosso sentir não é passivamente captar o mundo, mas atuar sobre ele. Toda percepção é em si uma ação do sujeito. Também não percebemos formas, cores, objetos etc. sem as construções que temos de cada coisa e sem a possibilidade de comparar a(s) realidade(s) com a nossas projeções e com o mundo que cerca cada sujeito e cada objeto.

Resumo feito pro João Rodrigues.




BOUYER, Gilbert Cardoso; Percepção e trabalho na fenomenologia de Merleau-Ponty. Ouro Preto-MG, 2009. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). [Disponível em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=percep%C3%A7%C3%A3o%20e%20trabalho%20na%20fenomenologia%20de%20merleau-ponty&source=web&cd=1&ved=0CCMQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.cienciasecognicao.org%2Frevista%2Findex.php%2Fcec%2Farticle%2Fview%2F132%2F99&ei=B2XiTvS0CIPa0QGJ54HJBQ&usg=AFQjCNEQj7UiuBuGOrl6pcWb9A3T4u4ScA&sig2=cgbxFtGWKsW3QVROH0AtvA&cad=rja]












Perpeção visual e Gestalt - Noções gerais

"O todo é mais do que a soma das partes".

A Teoria da Gestalt surge no início do século XX, a partir das ideias de psicólogos alemães e austríacos, em oposição direta às teorias  existentes na época. Nessa época, os estudos sobre a percepção humana estavam voltados para a análise atomista das coisas, ou seja, que só podemos perceber o objeto através de suas partes componentes. Opondo-se a essa teoria, a Gestalt afirma que não se pode conhecer o todo através das partes que o formam, mas sim, observamos e percebemos primeiro o todo para depois analisarmos as partes.
Christian von Ehrenfels (1859-1932), que lançou em 1890 as bases do que viria a ser a Psicologia da Forma, constatou que haviam duas espécies de qualidade de forma: as sensíveis que são próprias do objeto e as formais que são próprias da nossa concepção. Essas duas qualidades juntas formam a nossa percepção.
Dentro da Teoria da Gestalt, existem leis que regem a percepção humana das formas. Essa leis são as conclusões de que como o nosso cérebro funciona para perceber as imagens e objetos. São elas: a lei da semelhança, que afirma que nosso cérebro tende a agrupar elementos similares em cor, textura e outras características; a lei da proximidade que afirma que tendemos a agrupar elementos que estão próximos; a lei da boa continuidade que afirma que tendemos a relacionar elementos que estão alinhados, o que torna a imagem mais harmônica facilitando a nossa compreensão; a lei da pregnância que diz que todas as formas tendem a ser percebidas em seu caráter mais simples: uma espada e um escudo podem tornar-se uma reta e um círculo, e um homem pode ser um aglomerado de formas geométricas. É o princípio da simplificação natural da percepção. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada: desta forma, a parte mais facilmente compreendida em um desenho é a mais regular, que requer menos simplificação; e a lei da experiência passada que afirma que certas formas só podem ser compreendidas se já forem previamente conhecidas. Todas essas leis resumem como se forma a nossa percepção da realidade. A percepção visual representa uma interface entre o cérebro e o meio ambiente, o que chega ao nosso cérebro através da nossa visão e o que interpretamos a partir de nossas vivências e experiências.
A percepção visual é a maior auxiliadora no processo educativo, pois é através dela que iremos absorver de diferentes formas o que nos é passado tanto no ambiente escolar quanto no ambiente familiar.

Resumo feito por Bárbara Gomes. Fonte: